quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Peça

   Montado em seu cavalo, o fazendeiro dirigia-se à cidade como fazia freqüentemente, a fim de cuidar de seus negócios. Nunca prestara atenção àquela casa humilde, quase escondida num desvio, à margem da estrada. Naquele dia experimentou insistente curiosidade. Quem morava ali?

  Cedendo ao impulso, aproximou-se. Contornou a residência e, sem desmontar, olhou por uma janela aberta e viu uma garotinha de aproximadamente dez anos, ajoelhada, de mãos postas, olhos lacrimejantes.

  - Que faz você aí, minha filha?

 - Estou orando a Deus, pedindo socorro. Meu pai morreu, minha mãe está doente, meus quatro irmãos têm fome.

 - Que bobagem! - disse o fazendeiro. - O Céu não ajuda ninguém! Está muito distante. Temos que nos virar sozinhos!

  Embora irreverente e um tanto rude, era um homem de bom coração. Compadeceu-se, tirou do bolso boa soma em dinheiro e o entregou à menina.

 - Aí está. Vá comprar comida para os irmãos e remédio para a mamãe! E esqueça a oração.

   Isto feito, retornou à estrada. Antes de completar duzentos metros, decidiu verificar se sua orientação estava sendo observada. Para sua surpresa, a pequena devota continuava de joelhos.

- Ora essa, menina! Por que não vai fazer o que recomendei? Não lhe expliquei que não adianta pedir?

  E a menina, feliz, respondeu:

- Já não estou mais pedindo, estou apenas agradecendo. Pedi a Deus e ele enviou o senhor!

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