quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O bonde está andando, se salve!

  Há, dentre muitas, uma crítica muito pesada que se pode fazer à nossa sociedade. Eu, particularmente, creio que quase todos os problemas que enfrentamos como sociedade provêm de uma ânsia, de uma adoração ao, erguido como ídolo, dinheiro. Todo mundo fala isso, mas quero abordar o problema no que ele interfere no trabalho que as pessoas desenvolvem. 

   Um dos maiores fatores para escolher um ofício é o retorno monetário. É fato. E o que isso pode acarretar?

  Bem, vários problemas. Um deles é o serviço mal feito. Milhares de "profissionais" cumprem seus horários se arrastando, navegando em redes sociais, pensando em qualquer coisa que não seja relacionada a desempenhar sua função ou nos duradouros lanches e cigarros. Principalmente no serviço público isso é visto. Como o salário vai cair de qualquer jeito, por que esquentar a cabeça? Isso é um problema gravíssimo: as pessoas não se identificam com o que fazem, só com o dinheiro que ganham.

  Que outros problemas isso pode trazer? Olha, insatisfação. As pessoas passam, no mínimo, quarenta horas por semana no trabalho. Essas mesmas pessoas passaram sua infância, adolescência e juventude em preparo para o dito trabalho, e vão gastar mais de trinta e cinco anos para a aposentadoria. É muito tempo, é muita vida para fazer algo que não seja útil para a sociedade. É muito tempo. E vidas se perdem nisso, em esperar o final de semana para gastarem aquilo que demoram meses para ajuntar. Não faz sentido. 

  Será que é só isso? Serviços mal feitos e insatisfação? Não mesmo, mas só vou citar mais um. Serviços bem feitos, muito bem feitos, porém, serviços egoístas. Quer um exemplo? Onde está a tecnologia de ponta? Na guerra. Tudo de mais avançado que existe em termos de tecnologia está a serviço militar. Os melhores engenheiros estão ali. E não são pessoas que fazem serviço mal feito. Sabe onde mais estão os melhores engenheiros? Produzindo carros de luxo. E bons médicos? Fazendo cirurgias plásticas (para estética). E bons farmacêuticos? Desenvolvendo shampoos. E os bons atores? Fazendo novelas. E as mulheres mais bonitas? Bem, melhor nem pensar. Enfim, poderia citar inúmeros exemplos, mas tudo para dizer que os melhores profissionais da nossa sociedade correm atrás, quase unicamente, do dinheiro. Muito pai de família, que desde cedo leva a vida a sério (estuda, trabalha), se sujeita a fechar os olhos para o trabalho que faz pelo dinheiro que recebe.

  Claro que o problema não é simples. Não é apenas culpa dos profissionais, até porque eles desenvolvem essas atividades por causa que há uma demanda, há consumidores. Então, é culpa de quem consome também. E ficam as perguntas: Onde estão os bons profissionais resolvendo o problema da fome? Onde estão os bons engenheiros desenvolvendo cidades mais sustentáveis? Onde estão os bons médicos diminuindo as filas  dos hospitais? Onde estão os farmacêuticos desenvolvendo curas? Onde estão os jornalistas levando a informação e não apenas o escândalo? 

"Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores." Timóteo 6,10.

O problema é cíclico, o bonde está andando, que cada um se salve.

                                              

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