domingo, 9 de outubro de 2011

Fiel à retórica

   Muito se escuta  que todos são hipócritas. Em especial pessoas que são representantes do povo, líderes e religiosos, pessoas que, de alguma forma, professam idéias diante dos outros.

"Eles não fazem o que falam."

"Isso é retórica de campanha, nunca acontecerá." 

   Mas de uma maneira geral, creio que a hipocrisia está inserida em todos, em diferentes níveis. Claro que em pessoas cuja retórica é amplamente conhecida é mais fácil visualizar "erros". Vou ser ousado em dizer que você é um possível hipócrita, mas poucos conhecem o que você pensa a ponto de poderem opinar sobre a concretização de suas idéias/palavras. 

   Sei, também, que é um pouco subjetivo saber o que cada um entende por aquilo que diz, mas vamos pensar, por hoje, exclusivamente no fato de falar algo específico e na sua execução. Por exemplo, quando um político diz que vai realizar tantas obras, construir isso e aquilo, é bem pontual se isso vai ser ou não executado. Outro exemplo é quando falamos a um amigo que temos tais e tais ideais, que a sociedade está perdida e que tal marca de roupa/tênis é totalmente desprezável, até vermos essa pessoa vestindo essa tal marca na próxima semana. Então, é possível combater a hipocrisia? Se ela está inserida em todos? Eu creio que sim, por dois meios: Ou mudar a retórica, aquilo que você diz, ou mudar seus atos.

   A primeira opção pode ser mais cômoda, mas, também, pode mexer mais com o orgulho. Voltar atrás de algo que foi falado nem sempre é muito fácil, mas por outro lado, você pode "concertar" tudo apenas negando o que primeiramente falou. No exemplo do político, ele precisaria apenas dizer que se enganou, ou que não foi bem aquilo que ele tinha dito, e pronto, ele não deve nada a ninguém. Ou no caso do amigo revolucionário, ele passaria a dizer que entendeu que tanta faz a marca, que tudo é ruim mesmo, e que também não foi bem isso que ele tinha dito. Pronto, panos quentes em tudo. Resolve mesmo. Até porque mudar de idéia não é uma coisa ruim, faz parte do aprendizado. O problema é quando você faz os outros acreditarem nas suas idéias e depois abandona elas, deixa os outros pagarem pelas consequências delas, deixa os outros sem hospitais, deixa os outros desnorteados. Quem nunca investiu na idéia de alguém e depois esse "inventor" simplesmente "pulou fora"? Já aconteceu comigo.


   A segunda opção não é fácil de ser executada e, também, não deve ser escolhida por orgulho, só para dizer que não mudou de idéia e para encher as frases com: "Viu, eu falei." O grande segredo, creio eu, é saber ser humilde e analisar o que é possível ser feito, é pensar um pouco antes de soltar a retórica para o mundo. Com certeza nossas idéias não são preenchidas de razão em todos os aspectos, mas, creio que uma retórica boa, vinda de uma boa fonte (não vou esconder que estou pensando na bíblia) nos levam para a frente. Se corrermos atrás e forçar atos em prol de retóricas, reduziremos a hipocrisia. E, também, a nossa palavra ganhará mais respaldo, visto que costumaremos cumprir nossas palavras. É bom lembrar que o que falamos afeta a todos, e o que fazemos mais ainda. 

   Sou contra a hipocrisia de discursos vazios, mas sei que por vezes eu sou hipócrita. O que tento, então, é forçar meus atos às minhas retóricas, de forma que eu "page" pelo que eu penso, e não que os outros o façam. E se eu, pagando esse "preço", perceber que não faço o melhor e entender que preciso mudar de retórica, o farei. Mas deverei ser fiel a nova retórica. 

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